Skip to content

Roncopatia e Apneia do sono

Roncopatia e Apneia obstrutiva do sono

O sono é uma função tão natural e básica como a alimentação. Mas a incompreensibilidade perante a necessidade de dormirmos para sobrevivermos e vivermos com saúde é um dos motivos que faz do sono um eterno enigma para a humanidade. Pelo menos um terço das nossas vidas é passado a dormir e o nosso padrão de sono, seguindo as necessidades biológicas do ser humano, adapta-se e evolui ao longo das diferentes fases da vida.

Os nossos padrões de sono e de vigília (a parte do dia em que estamos acordados) são controlados por relógios biológicos que são sincronizados pela luz solar entre outros fatores internos e externos.

Apesar de corresponder a uma fase de diminuição do estado de consciência e da atividade motora, o sono é um estado de intensa atividade do nosso organismo essencial para a manutenção e consolidação da memória e capacidade de aprendizagem, que permite a reparação e construção de tecidos e é central na homeostasia dos sistemas hormonais e metabólicos bem como do sistema imunológico.

O tempo de sono diário necessário é definido como a quantidade de sono  adequada para nos mantermos alerta, totalmente despertos e a funcionar adequadamente durante o dia. Esta necessidade, num adulto é em média 7,5-8 h/dia independentemente das diferenças ambientais ou culturais e é determinada essencialmente por fatores hereditários.

Até à data estão definidas mais de 80 tipos de doenças do sono, sendo o sono inadequado um dos problemas mais frequentemente identificados na população geral. A síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) é a mais frequente das patologias respiratórias relacionadas com o sono, estando estabelecido desde há vários anos que se encontra associado a um aumento do risco de morbilidade e mortalidade por doença cardiovascular.

A SAOS é caracterizada por episódios repetidos de obstrução completa (apneia) ou parcial (hipopneia – redução do fluxo respiratório) da via aérea superior durante o sono.

A faringe é o tubo através do qual respiramos e nos alimentamos e é apenas constituída por músculos e ligamentos e portanto facilmente colapsável durante o sono, quando os músculos perdem a sua tonicidade. Em indivíduos susceptíveis, à medida que o sono aprofunda, o colapso aumenta e este provoca uma pausa respiratória, a apneia.

Quando as apneias têm uma duração superior a 10 segundos e ocorrem mais do que 5 vezes por hora e alteram a oxigenação do sangue, estamos com apneia obstrutiva do sono. Em cada episódio de apneia ocorre um microdespertar (sem que o doente tenha consciência de que o seu sono foi interrompido), sendo posteriormente restabelecida a respiração.

Estes microdespertares repetidos durante a noite contribuem para a fragmentação do sono e podem causar fadiga, sono não reparador, sonolência diurna, irritabilidade, depressão e disfunção cognitiva incluindo alterações da memória e dificuldade de concentração.

A SAOS é a doença respiratória do sono mais frequente. Globalmente estima-se que haja uma prevalência de 14% nos homens e de 5% nas mulheres. A prevalência da SAOS aumenta com a idade, e o sexo masculino, o índice de massa corporal elevado e a origem afro-americana são reconhecidos factores de risco para esta doença ao nível populacional.

Apesar da SAOS ser mais frequente em doentes obesos ou com excesso de peso também ocorre em indivíduos com peso normal, nos quais o seu diagnóstico e prevalência pode estar subestimado por não ser tão frequentemente considerado.

O mesmo acontece relativamente às mulheres, mas a prevalência da SAOS triplica neste género após a menopausa, independentemente da idade e do índice de massa corporal. Existe também uma maior incidência da doença em mulheres com síndrome do ovário poliquístico.

A SAOS também não é rara em crianças, para quem estão estabelecidos critérios de diagnóstico específicos.

Partilhe e siga as redes sociais:

Tem dúvidas? Contacte!

Estou disponível para responder às suas questões.